sexta-feira, 26 de março de 2010

CHUVAS DE BÊNÇÃOS

"... e farei descer a chuva a seu tempo; chuvas de bênção serão. E as árvores do campo darão o seu fruto, e a terra dará a sua novidade, e estarão seguras na sua terra; e saberão que eu sou o SENHOR,"

(Ezequiel 34:26 e 27)

TRADUTOR

Era 10 de junho de 1890, Salomão Ginsburg olhava pela portinhola do navio atracado no porto do Rio de janeiro. A sua frente via as luzes da cidade e do novo país para onde Deus o mandara. Pela manhã estaria em terra firme. Quanta emoção experimentava com esta expectativa! Quantas recordações! Lembrava do seu primeiro lar na Polônia, do seu pai rabino que observou quando ele se tornou crente, da sua mãe que cuidou que ele tivesse uma educação privilegiada na Alemanha, e que fosse para a Inglaterra ficar com seu tio e aprender a arte de tipografia. Lembrou-se do seu primeiro encontro com judeus convertidos, sua própria conversão e as duras penas que sofreu alegremente para compartilhar sua nova fé.

Agradeceu a Deus pelos anos de treinamento para o ministério, e por sua noiva, que o despertou para missões, e que esperava segui-lo mais tarde. Pensou nos seis meses que passou estudando português em Portugal, do panfleto polêmico que conseguiu publicar com a ajuda de Joseph Jones, e a sua distribuição que criou a necessidade de sair de Portugal para não ser preso. Agradeceu a Deus por tudo isso. Sentiu que a sua vida e o seu ministério apenas começavam, que Deus faria grandes coisas nesta nova terra.

Folheando um hinário que trouxera da Inglaterra, viu o hino Showers of Blessings (Chuvas de Bênçãos), que o levou a pensar: “Até agora as bênçãos que recebi foram somente gotas em face às Chuvas de Bênçãos que hão de vir”. Tomou sua pena e se pôs a traduzir esta mensagem na sua nova língua, que estudara tão diligentemente nos últimos seis meses. Deu graças a Deus por sua aptidão e experiência em línguas neste longo caminho que trilhara. Finalmente, estava satisfeito. Seu primeiro hino traduzido para o português estava completo! Mostraria para seu companheiro de viagem, o evangelista português, Henry Maxwell Wright, para revisão e correção.

Salomão Luiz Ginsburg não podia saber que este hino seria o primeiro entre 105 letras e traduções que faria nos anos à sua frente; que ele seria o “Pai do Cantor Cristão”; que deixaria nos 37 anos que Deus lhe daria neste grande país, não somente a herança de um grande número de brasileiros salvos, de igrejas fundadas, de publicações, de escolas para treinamento de obreiros, de convenções, mas a herança inestimável de hinodia brasileira. Certamente as “gotas” que já recebera se transformariam em verdadeiras Chuvas de Bênçãos, na verdade, numa grande inundação de bênçãos que Deus proporcionaria através da sua vida totalmente dedicada a Ele.

Este hino, cujo título em inglês é THERE SHALL BE SHOWERS OF BLESSINGS, foi escrito pelo major Daniel Webster Whittle, em 1883, militar e comerciante que se transformou em evangelista e hinista. A melodia foi composta por James McGranahan, que compartilhava o ministério de Whittle como músico, depois da trágica morte de Philip Paul Bliss. Ira David Sankey publicou o hino pela primeira vez, na sua coletânea Gospel Hymns N° 4 em 1883 e o incluiu em todas as edições que se seguiram. O nome da melodia apareceu desde sua primeira publicação. Seguiu-se também a publicação do hino nas diversas edições do Sacred Songs and Solos, que Sankey publicou na Inglaterra. Existe também a tradução de Salomão Luiz Ginsburg, produzida em 1890 a qual teve a revisão de Henry Maxwell Wright. Esta tradução é a que faz parte de diversos hinários em lingua portuguesa.

AUTOR

Daniel Webster Whittle

(1840-1901)

Pseudônimos: El Nathan, Elias Nathan, W. W. D. Nasceu no dia 22 de Novembro de 1840 em Chicopee Falls, Massachusetts. Faleceu no dia 4 de Março de 1901, Northfield, Massachusetts, onde se contra enterrado.

Na sua vida civil Daniel Webster Whittle era conhecido como Daniel Webster. Entretanto, em razão da sua atuação na Guerra Civil Americana, onde ocupou o posto de Major no Exército, passou a ser chamado de: Major Whittle. Quando começou a Guerra Civil Americana, D. W. Whittle saiu de New England, onde residia e foi para o estado americano da Virginia, onde assumiu o posto de Tenente numa Companhia do Regimento de Massachussets. Sua mãe era uma crente fervorosa e ao preparar sua mochila, colocou também um Novo Testamento. Ao se despedirem ela chorou muito e fez uma oração. Durante as batalhas Whittle viu muitas cenas tristes, participou de vários combates e num deles foi atingido. Na noite daquele mesmo dia teve seu braço direito amputado acima do cotovelo. A medida que se recuperava, sentiu vontade de ler alguma coisa. Procurando na sua mochila, encontrou o Novo Testamento que sua mãe havia colocado. Leu todos os livros, na seqüência: Mateus, Marcos, Lucas, até o Apocalipse. Cada assunto era muito interessante para ele. E para sua surpresa, percebeu que conseguia entender de uma maneira como nunca havia acontecido antes. Ao terminar de ler o livro de Apocalipse, começava a ler tudo de novo. E assim foi durante vários dias, lendo, relendo e aumentado o seu interesse, mesmo não sentindo vontade de se tornar cristão, mesmo estando convicto de que única maneira de se tornar salvo seria através de Jesus Cristo.

Apesar da sua convicção, não havia dentro de si, qualquer plano ou propósito de aceitar a Jesus como seu Salvador. Certa noite foi acordado pelo enfermeiro, que disse:

“Tem um rapaz lá no fundo da enfermaria, um dos seus soldados, que está a beira da morte. Ele insistiu comigo nas últimas horas, para que eu ore por ele ou traga alguém para orar. Eu não agüento mais. Sou um pecador e não posso fazer isso. Então decidi procurar o senhor”.

Então o Major Whittle respondeu que ele também não poderia orar, porque nunca tinha orado na sua vida. Disse também que ele era tão pecador quanto o enfermeiro.

“Não posso orar”, respondeu.

O enfermeiro insistiu:

“Como não! Eu tinha certeza que o senhor era uma pessoa de oração. Eu sempre vi o senhor lendo o Novo Testamento! Além do mais, o senhor é única pessoa nesta enfermaria que eu nunca vi amaldiçoar. E agora, o que eu devo fazer? Não existe mais ninguém a quem recorrer! Eu não posso voltar pra lá sozinho. De qualquer forma, o senhor não pode se levantar e vir comigo?”

Movido pelo apelo que lhe foi feito, o Major Whittle concordou, levantou-se da sua maca e foi com ele até o fundo da enfermaria. Lá estava um garoto de 17 anos de idade, morrendo! No seu rosto, havia uma expressão de extrema angústia, desespero, aflição. Fitou os olhos do Major e disse:

“Por favor, ore por mim! Estou morrendo. Eu fui um bom garoto. Meus pais são membros da igreja. Eu ia sempre à Escola Dominical e tentei ser um bom rapaz".

"Mas depois que me tornei um soldado, aprendi a fazer coisas erradas e me tornei um pecador. Bebi, jurei, joguei e andei em más companhias. Agora, estou morrendo e não estou preparado pra morrer. Por favor, peça para que Deus me perdoe! Ore por mim. Peça para Jesus me salvar”.

Ouvindo as súplicas daquele garoto, que tanto quanto ele havia sido ferido em batalha, o Major Whittle ouviu nitidamente dentro de sua alma Deus falando através do Seu Espírito Santo:

“Você sabe o caminho da Salvação. Ajoelhe-se agora mesmo e aceite a Jesus, e ore por este rapaz”.

O Major Whittle caiu de joelhos e segurou a mão do rapaz. Tropeçando nas palavras, confessou seus pecados e pediu a Deus para perdoá-lo. Ali mesmo acreditou que foi perdoado e que já era filho de Deus! Em seguida, orou fervorosamente a Deus pedindo pelo rapaz. O rapaz ficou em silêncio com sua mão agarrada à mão do Major Whittle, enquanto ele ainda rogava ao Pai. Quando o Major Whittle levantou-se o rapaz já estava morto! O seu rosto mostrava um semblante tranqüilo. Naquele exato momento o Major pensou:

”o mesmo Deus que usou aquele jovem para me conduzir à salvação, usou-me para atrair a atenção daquele rapaz para que através do sangue precioso de Cristo ele fosse salvo. Espero encontrá-lo no céu”.

Bem mais tarde ele afirmaria:

“Muitos anos já se passaram desde que isso ocorreu no Hospital Richmond. E eu ainda continuo confiando e confessando o nome do Senhor Jesus Cristo e pretendo, pela graça de Deus, continuar assim, até o dia que ele me conduza ao lar celestial”.

Extraído dos registros feitos por Pickering: Twice-born men (Homens que nasceram duas vezes).

Depois da Guerra, o Major Whittle pertenceu ao Elgin Watch Company, de Chicago, Illinois. Em menos de 10 anos iniciou seu ministério evangelístico. Durante este período trabalhou com os músicos Phillip P. Bliss e James McGranahan. Sua filha, May Moody também compôs algumas músicas para as letras de sua autoria. Certa ocasião, falando sobre a sua decisão em dedicar sua vida inteiramente ao evangelho, ele disse:

“. . . eu costumava ir aos lugares mais calmos e silenciosos e na tranqüilidade desses lugares entregava minha vida ao meu Pai Celestial para que fosse usado da maneira que Ele quisesse.”

COMPOSITOR

James McGranahan

(1840-1907)

Pseudônimo: G.M.J.

Nasceu no dia 4 de Julho de 1840 em West Fellowfield, próximo de Adamsville, Pennsylvania, sendo de descendência irlando-escocesa. Seu pai, George McGranahan, era fazendeiro, por isso, Kirkpatrick passou sua infância na fazenda. Quando já tinha idade suficiente, iniciou aulas de canto e logo se revelou como um dos mais talentosos e respeitados alunos, tendo mesmo organizado sua própria escola de canto, já aos 19 anos de idade. Tornou-se logo, um dos professores mais conhecidos da região. James McGranahan foi um músico americano de muito talento e culto que viveu de 1840 a 1907. Ele era dotado de uma preciosa voz tenor e estudou entre 1861 e 1862 com eminentes mestres, tais como T. E. Perkins, Carlo Bassini, os quais deram conselho para que se dedicasse à ópera. Certamente, este conselho deve ter despertado sua imaginação, produzindo uma deslumbrante expectativa de fama e fortuna. E ele tinha certeza o tempo todo, que só dependia dele. Em 1862 associou-se a J. G. Towner, e por dois anos fizeram concertos e turnês pelos estados de Pennsylvania e Nova Iorque, trazendo muita satisfação no trabalho que era desenvolvido. Continuou seus estudos, agora sob os cuidados de Bassini, Webb, O'Neil, e outros, esmerando-se na arte de ensinar, com o príncipe dos mestres, Dr. Geo. F. Root, a arte da regência com Carl Zerrahn, harmonia com J. C. D. Parker, F. W. Root, e mais tarde, Geo. A. Macfarren, de Londres. Em 1875 aceitou o cargo de gerente do Instituto Musical Normal de Root, atuando na qualidade de Diretor e Professor por três anos, tendo o Dr. Root como Chefe. Durante este tempo angariou destacada reputação no seu trabalho e pelo seu brilho, na música clássica e de coral e cânticos sabatinos publicados de vez em quando. A esta altura, seu preparo para uma carreira de sucesso já estava consolidado. Havia se tornado um músico culto e dotado de uma reputação que crescia a cada dia, com sua performance solo atraindo muita atenção.

Sua belíssima e rara voz de tenor deixava seus ouvintes perplexos e maravilhados, tendo sido objeto de propostas até de seus mestres, para que se tornasse cantor de ópera, na qual sem dúvida, iria obter projeção e dinheiro.

Colheita para o Mestre

Mesmo as festividades do Natal, de Dezembro de 1876 não conseguiam afastar da sua mente o bilhete que seu amigo Philip havia escrito para a ele apenas alguns dias antes do feriado. Leu repetidas vezes e quase decidiu se render à urgência daquela mensagem, porém, não o fez de imediato. Seus sonhos e ambição pessoal ainda eram demasiadamente preciosos. Como podia desistir?

McGranahan era cristão e tinha um amigo crente, que se chamava Philip Paul Bliss, o qual estava muito preocupado com ele. Este amigo também era um músico talentoso o qual teve muitas experiências parecidas quando foi cantor na sua juventude. Contudo, sentiu-se tocado pela chamada do Senhor na sua vida e rendeu-se à Ele, dedicando-se em tempo integral à sua obra. Apesar de ser apenas dois anos mais velho do que McGranahan, Philip Bliss, com 38 anos, já tinha doze anos de dedicação ao trabalho cristão. Na época, servia como cantor solista do evangelista Major D. W. Whittle. Ah, E como ele se sentia tocado quando as multidões que se juntavam para as campanhas, eram impactadas pelo mover do Espírito Santo através da música! E como almejava que seu amigo James também tivesse essa mesma experiência! Philip Bliss e sua esposa estavam se preparando para uma viajem para a Pensylvania para passar o Natal em casa. Havia muito a ser feito, mas em meio a tanta agitação e preocupações, Bliss sentiu-se estranhamente compelido a fazer uma breve interrupção e escrever uma carta para o seu amigo, McGranahan. Pensava muito nele, que tinha 36 anos de idade, que ainda estava estudando música e se preparando. Preparando-se para o que? Para ser cantor de ópera ou para servir ao Senhor? Na medida em que escrevia, Bliss orou para que o Senhor entregasse à ele as palavras corretas. Ele sabia que Deus tinha um plano na vida de James e tinha um desejo muito grande no seu coração, que ele tomasse a decisão correta. Finalmente, a carta ficou pronta. Necessitando de coragem e aprovação para o que estava escrito, leu a carta para o Major Whittle. No texto, ele comparava a longa formação musical de McGranahan, à um homem afiando sua foice para a colheita. O ponto culminante do assunto, foi quando escreveu:

"Pare de afiar a foice e venha colher para o Mestre!"

A carta foi enviada e logo alcançou seu destino. As palavras tocaram James McGranahan como nunca tinha acontecido antes. Não conseguia pensar em nada mais.

"Colher para o Mestre... colher para o Mestre... colher para o Mestre!"

Dia e noite as palavras estavam diante dele. Uma semana mais tarde, dia 19 de Dezembro de 1876, o homem que havia escrito estas palavras estava morto. O trem em que viajava Philip Paul Bliss e sua esposa, com destino a Chicago, onde tinha um compromisso para cantar no Tabernáculo Moody, sofreu um acidente na ponte Ashtabula, Ohio. A composição caiu de uma altura de 20 metros e pegou fogo. Entre as 100 pessoas que pereceram no desastre, estava o cantor evangélico, de 38 anos de idade, Philip P. Bliss e sua esposa. Assim que ficou sabendo da tragédia, James McGranahan foi imediatamente para o local do acidente. Foi alí que encontrou, pela primeira vez, o Major Whittle.

Mais tarde o evangelista iria se recordar daquele momento:

"Aqui, na minha frente, está o homem que Bliss escolheu para ser seu sucessor."

Os dois homens fizeram a viajem de volta para Chicago, juntos. Na viajem, conversaram muito. Antes de chegar a Chicago, James McGranahan decidiu entregar sua vida, seus talentos e tudo o que tinha para servir ao Senhor. Ele decidiu "colher para o Mestre!"

O mundo evangélico perdeu uma estrela naquele dia do acidente, mas o cristianismo ganhou uma de suas mais doces vozes evangélicas. James Granahan foi grandemente abençoado e usado nas campanhas evangelísticas nos Estados Unidos, Inglaterra e Irlanda.

Faleceu no dia 9 de Julho de 1907 em Kinsman, Ohio, onde se encontra enterrado.

Fonte:

JUERP (Casa Publicadora Batista)

http://harpadigital.jimdo.com/algumas-histórias/



CHUVAS DE BÊNÇÃOS

Tradução: Salomão Luiz Ginsburg


Chuvas de bênçãos teremos:
É a promessa de Deus;
Tempos benditos veremos,
Chuvas de bênçãos dos céus.


Coro
Chuvas de bênçãos!
Chuvas de bênçãos dos céus !
Gotas benditas já temos;
Chuvas rogamos a Deus.

Chuvas de bênçãos teremos:
De Vida, paz e perdão;
Os pecadores indignos
Graça dos céus obterão.

Chuvas de bênçãos teremos,
Manda nos, ó Senhor !
Dá-nos o gozo dos frutos
Doa Teus ensinos de amor. S.L.G.




6 comentários:

Midori disse...

QUE LEGAAAAL! CANTAMOS ESSE HINO NA IGREJA QUE PARTICIPO,E, NÃO QUE IMPORTE, MAS SOU LUTERANA.

Midori disse...

QUE LEGAAAAL! CANTAMOS ESSE HINO NA IGREJA QUE PARTICIPO,E, NÃO QUE IMPORTE, MAS SOU LUTERANA.

Midori disse...

Que legaaaaaaal! Cantamos esse hino na igreja que participo! E, não que importe, mas sou luterana :D

Eliana Sousa Santana disse...

O Senhor tem cuidado de mim de uma forma especial. Nos, infelizmente só enxergamos as gotas de bênçãos mas, com certeza, o Senhor tem mandado chuvas torrenciais e precisamos abrir os olhos da fé para enxerga-las

Unknown disse...

Lindo Hino
Sempre louvamos a Deus nas Igrejas Presbíteriana Independente e nas Igrejas Presbíteriana.

Unknown disse...

Lindo Hino
Sempre louvamos a Deus nas Igrejas Presbíteriana Independente e nas Igrejas Presbíteriana.